dezembro não é um mês de alta performance

Durante todo esse mês, quando a ansiedade vem, eu falo pra mim mesma: “dezembro não é um mês de alta performance”. Nesse post, eu vou explicar porquê isso tem sido um processo de autocura.

Dia 14 de dezembro de 2018, eu finalizei a minha graduação. Naquele ano, o mês de dezembro foi muito intenso, de atividades e emoções. Teve finalização do TCC, apresentação, aprovações no mestrado e a etapa de decidir para onde eu iria. Apesar disso, foi a última vez que eu consegui descansar em paz no fim do ano, sem pendências e obrigações, sem ansiedade para que, logo depois do ano novo, voltasse 100% dedicada a finalizar tarefas com prazos apertados.

E desde então, a sensação que antecede o fim do ano é sempre uma angústia. Aqui, dentro da minha mente, surgem perguntas como: O que será que vem aí? Qual vai ser a tarefa pras férias? O que será que não foi suficiente e eu só vou descobrir agora? E, depois de já me sentir exausta com o fim do ano, me sinto ainda mais exausta com todas essas questões e pensamentos ansiosos.

Esse ano não foi o mais difícil desde que entrei na pós-graduação, mas ele teria sido, caso eu não tivesse buscado apoio psicológico no início do ano. A terapia tem me ajudado muito a manejar o estresse e a pressão da pós-graduação, mas muito além disso, tem me ajudado a me enxergar no mundo e na vida, além do doutorado. E voltar para o meu centro e para as coisas que fazem sentido para a minha vida, tem sido o grande aprendizado.

sobre contexto

Não me vejo como uma pessoa insegura, a não ser quando me coloco no contexto da pós-graduação: publicações, andamento da tese, criatividade, ideias inovadoras e até mesmo VONTADE e MOTIVAÇÃO para seguir essa carreira. Mesmo assim, e até em outras áreas da vida, eu tendo a ser bastante executora, tenho um senso de responsabilidade muito forte e me engajo inteiramente nas coisas – até que algo aconteça e eu perca o interesse. Falo isso porque talvez você esteja se perguntando: “Mas falar isso não é como se você estivesse se confortando para fazer o mínimo?” E, posso falar tranquilamente que, da minha perspectiva, não. O que não quer dizer que em outro contexto de vida isso não seja verdade.

Independente do quão intenso e promissor estejam suas atividades, sua pesquisa e seu trabalho, em dezembro a rotina sofre inúmeras interrupções. Confraternizações, compromissos, visitas a familiares e diversas demandas que nós, como seres sociais que somos, temos (e sempre teremos). E mesmo que as demandas do trabalho e dos estudos continuem as mesmas ou até aumentem, não dá pra viver em isolamento.

“Mas falar isso não é como se você estivesse se confortando para fazer o mínimo?”

Então daqui, do meu lugar, eu posso falar que não é sobre conforto para fazer o mínimo. E sim, sobre construir uma visão realista e possibilite um alinhamento de expectativas sobre o que dá pra ser feito de verdade nesse fim de ano. E, de antemão, já posso dizer que: não vai dar para concluir tudo o que você gostaria de ter feito durante esse ano e não fez, mas caso seja algo muito importante pra você, ainda é tempo de começar. Mas assim, se você escolher só fazer o mínimo por agora, tá tudo bem, viu? É como eu falei, se no seu contexto de vida isso fizer sentido, é exatamente isso que você tem que fazer.

ainda há tempo

Talvez essa reflexão esteja atrasada, já se passou mais da metade do mês de dezembro. Mas ela pode ser utilizada em todos os momentos em que nos sentimos pressionados a agir de uma forma que o contexto restringe. O contexto do mês de dezembro, pra mim, acaba sendo restritivo. E, pela primeira vez, eu aceitei isso sem culpa. E, em todos os momentos que tentei exigir de mim mais do que o meu limite – que já foi bastante exigido ao longo do ano inteiro – ou me cobrei de fazer coisas que eu gostaria de ter feito e não consegui, falar que “dezembro não é um mês de alta performance” foi a forma de me lembrar que ainda há tempo e o tempo não é todo agora.

Vamos fazer um exercício.. Pensando em metas comuns e que provavelmente não foram realizadas, o que ainda é possível fazer?

  • Exercício físico = se a academia não deu certo, você pode aproveitar pra fazer caminhadas ao por do sol
  • Alimentação saudável = testar uma receita saudável diferente
  • Aprender inglês = fazer uma pesquisa sobre professores e planejar como implementar uma rotina de estudos no próximo ano
  • Leitura = aproveitar o recesso para ler um romance ou uma ficção que você tem curiosidade, mas não se permitiu porque não era um livro de desenvolvimento pessoal

Faz sentido, não é? É um tempo de finalização de ciclos, mas também pode ser de começos e recomeços.

Dezembro não é um mês de alta performance, tampouco não precisa ser de inércia. No fim das contas, por mais que a gente se cobre, não vai dar pra finalizar todo aquele artigo antes do Natal, mas a gente pode fazer uma parte dele. E de tantas outras coisas, desde que isso faça sentido no seu contexto de vida.

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