em busca de experiências

Eu ainda não sou a consumidora consciente que eu gostaria de ser e nem vivo todas as experiências que gostaria e, por mais que eu costume responsabilizar a rotina da pós-graduação, esse é um grande reflexo das minhas escolhas. Esse post é uma reflexão sobre consumo, desafios pessoais e projetos pro próximo ano, tudo sob a minha perspectiva e o meu contexto, como doutorando morando sozinha longe de suas raízes.

Morei dos 4 aos 24 anos na mesma casa, exceto por uns 2 anos em que nos mudamos por uma reforma e retornamos, mas passei a maior parte da minha vida com essa estabilidade, raízes bem sólidas, onde meu quarto sempre foi o mesmo a vida inteira. Em 2019 me mudei pra Florianópolis para o mestrado e hoje, no fim de 2022, estou no terceiro endereço desde então.

Fazer mudança é terrível. Terrível. Primeiro, morei em uma kitnet, um lugar muito bonitinho, tudo novo e com manutenção em dia, mas pequeno. Depois disso, ainda na pandemia, me mudei para um apartamento com meu namorado, onde moramos por cerca de 8 meses. Até que nos mudamos para o imóvel que estou até hoje, mas que divido com outra pessoa. Inicialmente, eu tinha poucas coisas por lá e ainda parecia que a minha base era em Campo Grande. Hoje, quase 4 anos depois, eu não tenho mais uma única base, mas dois lugares onde eu consigo me virar muito bem por meses – sem adquirir nada. São dois lugares que remetem a dois “estilos de vida” completamente diferentes, mas cheio de COISAS. E ter tantas coisas passou a me incomodar muito nos últimos meses.

Mudar de casa, de cidade, de compromissos no dia a dia, de companheiro de apartamento são mudanças que refletem nas nossas necessidades. Além disso, o período da pandemia influenciou e muito na minha relação com as compras. Antes de abrir mais sobre isso, quero deixar claro algumas coisas: são sou descontrolada com compras, não tenho dívidas e, mesmo diante de todas as adversidades, tenho conseguido poupar. A questão agora é: quero diminuir a quantidade de coisas que tenho, comprar menos e viver mais experiências mais.

hábitos de consumo e co.

Apesar de ser bolsista desde o início do mestrado, o que significa muita restrição financeira, eu sempre busquei alternativas para ganhar um dinheiro extra e ser mais independente. A minha cama da casa dos meus pais, comprei com dinheiro que juntava trabalhando em recreações de festas infantis. Já na pós graduação, meu extra vinha de formatações, mentoria acadêmica, trabalho como social mídia, algumas consultorias e estágio.

A vida corrida, estresse e demanda alta de trabalho me levam a uma certa resistência a sair. Claro, somado aos altos custos de viver em uma cidade como Floripa. Na pandemia, tudo o que era restrito em termos de socialização, se tornou nulo. E, esse ano de 2022 foi o meu primeiro de volta a normalidade, mas com diversas mudanças na rotina. Com isso, desbloqueei alguns receios na hora de fazer compras: cursos, livros e roupas. Nos últimos meses, agora com o estágio, acabei me permitindo comprar algumas coisas que eu queria e veio aquela: eu me esforço tanto, eu mereço, né?

E estaria tudo bem continuar dessa forma, caso eu não estivesse sentindo desconforto no meu ambiente em virtude do acumulo de coisas. Tudo bem porque as finanças estão em dia e eu não estou prejudicando ninguém com isso, e também não estaria prejudicando a mim mesma, se eu não tivesse parado pra refletir e concluído que eu quero viver mais coisas do que comprar. E que muitas vezes, essas pequenas compras são uma forma de fugir da minha rotina ou de manifestar que gostaria de estar vivendo outras coisas.

um livro e um desafio

Somada a essa angústia, comecei a pensar há vários meses sobre “não comprar mais nada”, mas quando via era só mais uma coisinha aqui, só mais uma coisinha ali e assim ia. Dias atrás, vi um post no instagram @vidaorganizadaoficial onde a Thais Godinho, autora da conta, falava de um desafio pessoal de comprar menos no próximo ano e um livro. Na hora seguinte, eu já estava com o livro no kindle e iniciando a leitura.

o livro que me inspirou

Em “O ano em que menos é muito mais”, Cait Flanders divide a sua jornada em um desafio pessoal de ficar 1 ano sem fazer compras e como isso a fez olhar para outras áreas da sua vida, o resultado dessa experiência foram muitas experiências e novas perspectivas. Durante toda a jornada, fui me questionando sobre próximos passos e identificando gatilhos dos meus comportamentos. Muitas vezes compro coisas pelo tédio e marasmo, que me levam a buscar por novidades. Na maioria das vezes, é um livro novo, mas me pego fazendo isso até com comida para a casa.

A vontade já existia, mas com o livro as minhas reflexões se tornaram ainda mais profundas e fizeram mais sentido. Então, eu decidi que no próximo ano vou deixar de fazer compras e aquisições para a minha versão ideal e, vou buscar viver os momentos e experiências nesse meu lugar de hoje, da minha versão atual. É uma versão que busca ser melhor todos os dias e que, definitivamente, precisa de muito menos coisas.

desafio pessoal para comprar menos em 2023

O meu desafio é inspirado nas ideias do livro, mas contém adaptações. A ideia inicial é destralhar meus espaços e eu vou fazendo isso aos poucos, minha intenção não é me tornar minimalista, mas manter comigo as coisas que fazem sentido para meu hoje e para os meus planos futuros. Por isso, vou reavaliar tudo o que tenho e pretendo fazer isso continuamente, principalmente nas “trocas de guarda roupa” com as mudanças de estação. Depois disso, comprar menos, bem menos e, para isso, a autora sugere a criação de três listas: lista dos essenciais, lista dos não essenciais, lista aprovada de compras. E, por fim, dividir essa jornada aqui no blog, coisa que a própria autora fez. Nos próximos 6 meses, pretendo seguir as seguintes listas:

1. Essenciais: coisas que posso comprar

  • Alimentos
  • Presentes
  • Restaurantes, cafés, cinema e outras atividades de lazer
  • Remédios
  • Itens para dar apoio aos treinos e dieta
  • Experiências no geral


2. Não essenciais: Coisas que não vou comprar

  • Roupas, sapatos e acessórios
  • Cosméticos, maquiagem e itens de higiene pessoal
  • Assinaturas e cursos online desnecessários
  • Livros físicos
  • Itens de papelaria
  • Chocolate e bala na cantina do trabalho*


3. Aprovada: Exceções para compras

  • Itens necessários para casa e escritório
  • Suplementos e industrializados fitness
  • Qualquer coisa da lista de proibidos que estragar, acabar ou eu tenha que substituir – desde que o item anterior seja descartado
  • Materiais para hobbys: pintura, crochê, bordado, DIY
  • Comida por delivery*
  • Roupas para ocasiões especiais*
  • Oportunidades*
  • Novas necessidades*
  • Livros de autores brasileiros
  • Itens da minha wishlist

sobre exceções

Antes de explicar essas exceções, uma regra muito importante pra mim nesse desafio é não fazer estoque das coisas. Eu tenho uma tendência de estocar tudo: de rímel a pasta de dente, sabonete e chocolate amargo. Boa parte desses “estoques” são de presentes e é por isso que itens de higiene pessoal entram nos meus não essenciais: eu tenho sabonetes para o ano inteiro (pelo menos), assim como hidratantes para o corpo e pasta de dente também. E, caso alguma coisa acabar, vou refletir e e for necessário, comprar. Quero perder o medo da falta.

Comida por delivery não é um problema pra mim, mas quando peço, geralmente é por puro comodismo ou preguiça. Quero manter um olhar atento para isso, porque podem ser oportunidades de conhecer novos lugares e viver bons momentos. Falando em momentos, quero manter aberta a possibilidade de comprar roupas para ocasiões especiais que surgirem e que eu não tenha nada adequado ou que eu faça muita questão de algo novo (geralmente não acontece), que pode ser: uma festa, casamento, formatura ou até mesmo congressos e apresentações importantes.

Oportunidades e novas necessidades são tópicos muito subjetivos, mas pretendo deixar mais claro. Oportunidades são para promoções ou peças de brechó que: i) sempre quis; ii) peça chave no meu guarda roupa. Por exemplo, há anos eu tinha vontade de ter um blazer de paetê, mas era totalmente fora de cogitação.. até que, em uma oportunidade, ele estava sendo anunciado em um brechó por menos de 100 reais e hoje é meu. Mas claro, oportunidades estão dentro de exceções e serão muito bem avaliadas e dividas aqui. E novas necessidades são, em virtude das diversas mudanças na rotina que tive nos últimos anos e que me levaram a novas necessidades, mas que serão avaliadas por algumas semanas antes de qualquer coisa.

A minha wishlist contém coisas que venho observando e sentindo necessidade/vontade de comprar nos últimos meses, talvez eu compre algumas delas ainda em dezembro, mas estou avaliando. Percebo que muitas vezes não compro coisas que já queria, porque acabo gastando em outras coisas menores, por isso quero manter minha lista de desejos bastante a vista nos próximos meses. Antes de tudo, estou fazendo aqui um compromisso de ser mais consciente e menos impulsiva nas compras, além de um compromisso com a verdade. Caso eu opte por comprar algumas dessas coisas ainda em dezembro, atualizarei aqui depois. E vou compartilhando os itens acabados e novas necessidades que surgirem, mesmo que seja um desodorante ou uma base para as unhas.

Wishlist atualizada em dezembro

Meu objetivo para o desafio de 6 meses?

Viver novas experiências enquanto diminuo o volume de coisas acumuladas. Espero fazer poucas substituições e juntar uma grana a mais.

Nível de confiança de que vou conseguir?

80%

Provavelmente, vou falar mais sobre isso no tiktok e instagram @kassiatonheiro. Convido você a me acompanhar e, se fizer sentido, embarcar nessa comigo. Vamos?

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